Dona Ligia: Oliveirense

     Nesta semana perdemos do nosso convívio terreno Dona Maria Ligia da Costa Almeida. Pessoa querida, cuidadosa e detalhista que tivemos a alegria de conviver. Vários descreveram nas redes sociais seu legado na cidade. Recorto da Gazeta parte de seu histórico: "(...) Nascida em São João del Rei (MG), Lígia residiu em Oliveira por décadas e se considerava uma oliveirense nata. No jornal Gazeta de Minas criou a coluna social “Ninon”, que assinou por muitos anos. Foi co-fundadora da Escola de Samba Treze de Ouro. Desenvolveu expressivo projeto de comunicação no Serviço Autônomo de Água e Esgoto, resgatando a credibilidade da autarquia. Rigorosa consigo mesma e de natureza perfeccionista, suas últimas atividades sociais foram desenvolvidas na FEOL, na área de comunicação pedagógica. Honrou e defendeu o nome de Oliveira, cidade que aprendeu a amar e pela qual trabalhou de maneira intensa e única." Tivemos uma boa convivência. Eu brincava com ela: "Dona Ligia é patrimônio municipal!", e ela se divertia. Nossos últimos trabalhos juntos foram em formaturas.

     Em alguns lugares os educandários "vendem" as formaturas. Empresas chegam e oferecem a estrutura completa do evento, mas em troca ficam sendo "donas" da festa, podendo até retirar convidados, incluindo aí se der na telha um diretor, por exemplo. Até o momento (2017) essa prática não existe na FEOL, que mantem a organização de suas formaturas. Mas há colégios na cidade que já se submetem. Até pouco tempo Dona Ligia era a responsável pela organização da formatura da faculdade. Claro que a gente "teimava" e sempre se entendia na nossa área, que é a de transmissão ao vivo para os telões e fotos que fazíamos para divulgação do evento e acervo da instituição. Em tempo: ela gostava de registrar e divulgar todos eventos da faculdade que eram possíveis.

     Expliquei a situação toda para contar esse recorte: Certa ocasião estávamos na quadra da praça de esportes, organizando o evento. À tarde chegou uma das equipes que iam fotografar uma das turmas, talvez habituada com essa pratica de tomar posse da formatura alheia, e surgiu o impasse: um funcionário, talvez o chefe daquela equipe começou a insistir com Dona Ligia que eles iriam fotografar a entrega dos certificados de cima do palco. Ela informa que no palco somente as autoridades e os formandos - para que todos os demais convidados possam assistir a cerimônia. O rapaz irritado insiste. Desnecessário, mas ela me inclui: "Dá pra fotografar muito bem aqui de baixo, né Sidney?" Até aí eu estava ocupado com os cabos da transmissão e ouvindo a cena. "Sim, eu fotografo bem daqui". Agora mais bravo ainda, o fotógrafo dispara: "Eu tenho oito anos de formatura e sempre fotografamos aqui do palco". Encerro minha participação: "Eu tenho quinze, alguns prêmios em fotografia e dá pra fotografar muito bem daqui.". Dona Ligia tinha o aval da instituição para resolver a formatura. Mais tarde, à noite, seguiu-se o roteiro conforme ela tinha determinado. Não vi mais o colega teimoso. Ela acompanhava a cerimônia ali bem perto. Não gostava de aparecer nas fotos. Discrição também era sua qualidade.

    Obrigado pela presença, Dona Ligia. Nos divertimos! Continue nos ajudando e inspirando de onde estiver.

Sidney de Almeida, 23/09/2017