História Contemporânea de Oliveira: cumprida a missão

Márcio Almeida

"Foi lançada ontem, dia 13, na Casa de Cultura Carlos Chagas, a obra História Contemporânea de Oliveira – 1961- 2011 (HCO), com 1.104 páginas, chancela da Eletrobras, após 4 anos de trabalho renhido de pesquisa, produção, redação, diagramação, revisão e impressão pela Editora O Lutador (BH) de um livro com capa do artista plástico José Eugênio. A HCO resgata 60 anos de fosso histórico de Oliveira, uma vez que a História de Oliveira, de Gonzaga de Oliveira, foi lançada em 1961, ano do centenário, quando o livro já tinha 10 anos de prelo. O sesquicentenário carecia de ter sua própria história ocorrida nos últimos 50 anos e o importante é que tivesse diferenciais em relação ao livro anterior. O mais relevante deles foi com toda certeza a valorização do ser humano como referência máxima, donde o destaque dado à informação oral. Valorizou-se plenamente o oliveirense e o morroferrense. Segundo Tolstói, se queres ser universal, canta tua aldeia. E aqui está outro diferencial da obra: pela primeira vez na história do município registra-se a História de Morro do Ferro em um trabalho muito competente sob a liderança de Antonio Ananias da Silveira Freitas. Pela primeira vez Morro do Ferro não foi apenas uma citação ou um apêndice, mas a História de um “berço pequeno de um grande povo” com sua especificidade em todos os sentidos.

Outra característica do livro: foi produzido por uma equipe de especialistas. Um livro de História não se faz por obra de uma só pessoa. Antonio Claret Salgado Maia, Carlos Alberto da Silva, Celma Vargas Kadour Andrade, Eduardo Ribeiro Martins, Heraldo Tadeu Laranjo Mendonça, Rosemary Amaral, Saulo Mendonça Marra Jr., Sirlei Clécio da Silveira, Vanessa Borges de Oliveira, Márcio Almeida, João Bosco Ribeiro, Antonio Ananias da Silveira Freitas, Darcy Gonzaga de Andrade, Dória Gonzaga Alves, Galdino e Sidney de Almeida, Viviane dos Reis Soares, Sanzio Pinheiro, além de um naipe de consultores, pesquisadores, técnicos, e de amigos muito especiais que batalharam pela efetivação do livro, como Décio Mitre, Sílvio Mitre, Zenon Leitão e Eliseu Resende. E acrescente-se aí o trabalho incansável de Ana Maria Barros Assis Ribeiro, Raquel Ribeiro de Castro Viglioni e dos membros da Comissão Revisora de CCCC – Dineia Gonzaga de Andrade, Judas Tadeu dos Mártires, Maria Auxiliadora Estanislau Fonseca, Múcio Lo-Buono, Ricardo Simão Narciso e Valdir Bernardino do Nascimento.

Todas as pessoas vivas de Oliveira e de Morro do Ferro são na obra fontes de informação e foram consultadas através do levantamento da oralidade. O livro, por isso, é resultado do trabalho sério e abnegado de no mínimo 12 pessoas profissionalmente empenhadas em apresentar resultado para a leitura de uma obra coerente, lúcida e interativa no conjunto de capítulos específicos por assunto oferecidos para o discernimento lógico dos leitores. Tudo isto porque os objetivos práticos do projeto da HCO envolveram ser o livro o legado e a razão de ser, de agir, de pensar, de sentir e de expressar o que nós somos quando convivemos numa mesma sociedade.

Outro diferencial da HCO é sua metodologia. Ressalte-se que a HCO evitou repetir erros históricos como a historiografia marxista, a história decorrente das Annales e a historiografia procedente da cliometria e da história estrutural-quantitativista. Por consequência, advêm o diferencial do método, que na HCO corresponde à história como diálogo e valorização do sujeito individual e coletivo que valoriza as causas populares. Trata-se, em resumo, postulou Bachelard, de qualificar a “reserva infinita de eternidade contra o tempo.” A nossa “esperança essencial” em relação ao tempo e a memória da humanidade guardada em arquivos, no caso, a implacável memória da Gazeta de Minas, principal referência arquivística da HCO, contra toda “dúvida sistemática.”

A HCO contrapõe, em tudo, a qualquer leviandade, idiossincrasia, capricho intelectual, vaidade, amadorismo e oportunismo, tendo por responsabilidade resgatar a História de Oliveira e de Morro do Ferro. A História de tudo e de todos. Com outro referencial: não diferenciar a multiplicidade de vozes dos diferentes sujeitos e vencer preconceitos. De modo a estimular o leitor na busca do conhecimento crítico da sua realidade, contribuindo para a construção de sua consciência histórica e o amadurecimento de sua cidadania.

A HCO tem limitações, mas seus autores estão conscientes de que com a colaboração dos leitores a obra poderá ser aperfeiçoada e tornar-se uma referência mais profícua em nível informacional. Afinal, a História acontece todos os dias. A HCO é uma contribuição para suprir os últimos 50 anos com um registro digno de quem vivenciou a sua própria História e deixa plantado um silo competente para os próximos historiadores."


Márcio Almeida
Publicado no jornal Gazeta de Minas, pagina 2, em 15 de dezembro de 2013.